Durante a vida, até 90% da população poderá apresentar episódios de bruxismo, uma condição caracterizada pelo apertamento e ranger dos dentes e que pode levar a fortes dores nos músculos da mastigação, pescoço e cabeça, além de alterações no sono e na saúde bucal. Como a condição não possui uma causa específica e um único tratamento eficaz que seja capaz de eliminá-lo, a fisioterapeuta Cinthia Amorim decidiu dedicar sua pesquisa de doutorado a comparar o efeito de duas intervenções fisioterapêuticas com um tratamento odontológico usual.
O estudo começou na Universidade de São Paulo (USP), em uma parceria entre o professor Glauco Vieira, a cirurgiã-dentista Eliete Firsoff e a professora Amélia Marques, do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional. Eles sugeriram a realização de um estudo conjunto que avaliasse as possíveis contribuições da fisioterapia nos sintomas de pacientes diagnosticados com bruxismo. Assim, a professora Amélia propôs a Cinthia que explorasse essa área para sua pesquisa de mestrado, que acabou, dada à relevância clínica, se tornando também a de doutorado.
Em sua pesquisa, Amorim comparou a reconstrução direta das guias anteriores (tratamento odontológico), com a massoterapia e exercícios de alongamento muscular e terapia de relaxamento e imaginação (intervenções de fisioterapia). Segundo a pesquisadora, as guias anteriores referem-se ao dentes anteriores e caninos: assim, o tratamento odontológico diminui o ranger dos dentes e preserva aqueles que ainda não foram desgastados. A comparação entre os métodos foi feita de acordo com seus efeitos nas dores musculares, abertura mandibular, qualidade de sono, saúde bucal, estresse, ansiedade e depressão de pacientes com bruxismo.
Sobre as conclusões acerca do estudo, Cinthia diz “a boa notícia é que os resultados parciais da pesquisa indicam que o bruxismo pode ser controlado e, alguns dos seus sintomas, como a dor nos músculos da mastigação, do pescoço e da cabeça, ansiedade e estresse podem ser aliviadas, principalmente por meio das intervenções de fisioterapia.”
Como a pesquisa ainda não chegou ao seu estágio final, ainda estão sendo selecionados indivíduos com bruxismo de ambos os sexos, entre 18 e 60 anos, para receberam avaliações iniciais e orientações.
O presidente do Conselho
Regional de Fisioterapia e Terapia